🦾 conversei sobre IA com um dos CEOs mais influentes da América Latina
uma empresa que movimenta bilhões de reais
2 fatos curiosos pra começar a edição de hoje:
01: A Rock World é a empresa por trás do Rock in Rio, The Town e Lollapallooza. Só o The Town de 2025 movimentou quase 2 bilhões de reais para a cidade de São Paulo.
02: O Luis Justo, esse cara da ilustração acima, é o CEO da Rock World há 12 anos. Antes disso, ele foi CEO da Osklen… Chegou a essa posição aos 28 anos de idade.
Acho que isso já é o suficiente pra mostrar que ele tem muita bagagem, né? Esses 2 fatos já seriam o suficiente pra dizer por que escolhi entrevistar ele na última semana…
Mas existem 2 outros fatos ainda mais relevantes:
03: Ele, como CEO, está liderando a implementação de IA na sua empresa.
04: Ele não trabalha em uma empresa de tecnologia (pelo contrário: a Rock World é uma empresa que só existe por conta de eventos presenciais).
Algumas pessoas podem pensar algo como “nossa, mas por que vou ouvir um cara desses que não tem nada a ver com tecnologia?”, enquanto outras vão pensar “nossa, eu preciso ouvir como um cara desses que não tem nada a ver com tecnologia tá implementando IA na empresa dele”.
Espero que o primeiro grupo de pessoas se convença dessa leitura… Mas aposto que o segundo grupo tá melhor representado aqui pelos leitores dessa newsletter.
Vamos, então, para os principais aprendizados que tive entrevistando Luis Justo, CEO da Rock World, em uma boa conversa sobre IA e carreira:
1. IA não é mais um projeto, é infraestrutura de carreira.
Muita gente ainda trata IA como ferramenta opcional, algo que você usa quando precisa de uma ajuda extra, tipo uma calculadora ou um corretor ortográfico, mas IA tá longe de ser só um acessório do seu trabalho. Ela vai ser o sistema operacional sobre o qual seu trabalho vai rodar nos próximos anos.
Quando você entende IA como infraestrutura, sua relação com ela muda. Você não pergunta mais “será que preciso aprender isso?”, você assume que sim e começa a descobrir onde aplicar. Profissionais que fazem essa mudança de enquadramento se tornam mais valiosos porque param de resistir e começam a integrar (ou, pelo menos, tentar) E integração gera fluência. E fluência gera velocidade. E velocidade, no mercado atual, é o que separa quem lidera de quem corre atrás.
2. As empresas não vão esperar você aprender IA.
Na Rock World, as primeiras iniciativas de IA não vieram de um projeto formal com budget e cronograma. Vieram de pessoas curiosas que começaram a testar por conta própria e trouxeram resultados: não teve convite e não teve treinamento prévio.
O que teve foi iniciativa individual que depois virou cultura (no caso do Luis, iniciativa do próprio CEO, mas que pode vir de você na sua empresa). Esse padrão deve se repetir em praticamente todas as empresas no próximo ano.
Quem espera ser treinado vai descobrir que o treinamento chegou tarde demais.
A lógica é simples: empresas não têm tempo nem recursos para capacitar todo mundo. O que elas têm é atenção para quem já está produzindo resultados. Promoções, projetos relevantes e visibilidade vão para quem experimenta antes, não pra quem espera orientação.
Se você está aguardando sua empresa criar um programa de capacitação em IA para começar a aprender, você já está atrasado. O mercado recompensa antecipação, não reação.
Um bom jeito de colocar é: estar por dentro do que tá rolando não vai ser suficiente, você precisa estar à frente.
3. Profissionais relevantes dominam dois jogos: tecnologia + comportamento.
Existe uma ilusão perigosa circulando no mercado: a de que dominar ferramentas de IA é suficiente para se destacar. Não é. Saber usar ChatGPT, Lovable ou qualquer outra ferramenta é apenas parte da equação.
A outra parte - e com certeza a mais difícil - é ter maturidade emocional, clareza de comunicação e capacidade de liderar processos. Ferramentas amplificam o que você já é. Se você tem bom julgamento, IA te torna mais eficiente. Se você não tem, IA te torna mais rápido em cometer erros.
A combinação mais rara e mais valorizada no mercado atual é justamente essa: competência técnica com inteligência comportamental.
Profissionais que sabem usar IA e sabem se comunicar. Profissionais que automatizam tarefas e lideram pessoas. Profissionais que geram outputs rápidos e tomam decisões com discernimento.
Essa soma não é comum, porque exige desenvolvimento em duas frentes que raramente andam juntas… Mas é exatamente por ser rara que ela se tornou o novo padrão de excelência.
4. Fluência em IA vai virar commodity. Curiosidade é o diferencial duradouro.
Hoje, saber usar ferramentas de IA parece uma vantagem competitiva. Em seis meses, vai ser pré-requisito. Luis Justo faz uma comparação certeira: ninguém coloca “fluente em pesquisa no Google” no currículo, mas isso era diferencial há vinte anos.
O mesmo vai acontecer com IA. A fluência técnica vai se nivelar rapidamente porque as ferramentas estão ficando mais fáceis de usar e mais acessíveis. O que não se nivela é a curiosidade de quem testa antes, erra primeiro e descobre aplicações que outros ainda não viram.
Curiosidade não é um traço de personalidade, é um comportamento. É a decisão de abrir uma ferramenta nova mesmo sem saber exatamente o que fazer com ela. É testar um prompt diferente só para ver o que acontece. É perguntar “será que dá para fazer isso?” em vez de assumir que não dá.
Profissionais curiosos acumulam repertório (e repertório é o que permite reconhecer oportunidades de aplicação quando elas aparecem). Quem espera a ferramenta ficar óbvia para começar a usar vai sempre chegar depois.
5. Profissionais juniores podem entrar no mercado já plenos (se entenderem o jogo).
Durante décadas, o início de carreira foi sinônimo de trabalho operacional. Você entrava como júnior, fazia tarefas repetitivas, e com o tempo ganhava acesso a responsabilidades mais estratégicas. Esse modelo está sendo “encolhido”.
Antes, você provava seu valor executando bem o que mandavam. Agora, você prova seu valor mostrando que consegue usar ferramentas para entregar mais rápido, questionar processos desnecessários e contribuir com visão estratégica desde o início.
O profissional que entende isso entra no mercado em vantagem. O que não entende vai inevitavelmente ficar pra trás (por mais pessimista que essa frase pareça, é o que tudo indica).
6. Antes de substituir seu emprego, a IA vai substituir suas desculpas.
Antes de IA, prototipar uma ideia exigia recursos. Você precisava de designer para criar o visual, desenvolvedor para construir o MVP, orçamento para contratar freelancers. Havia uma barreira real entre ter uma ideia e conseguir mostrar essa ideia para alguém.
Essa barreira caiu. As desculpas “não tenho recurso” ou “não sei como fazer” estão com a data de validade quase expirando.
Se você tem uma ideia e não executa, o problema não é estrutural. É de iniciativa. A IA democratizou a capacidade de prototipagem. Qualquer pessoa com acesso a um computador pode transformar um conceito abstrato em algo tangível em poucas horas.
Isso muda o critério de avaliação. Antes, ter a ideia já era mérito. Agora, ter a ideia e não fazer nada com ela é negligência.
7. Liderança pelo exemplo: se o líder não usa, ninguém usa.
Cultura de inovação não se implementa com memo interno ou apresentação de PowerPoint. Uma das coisas que o Luis deixou muito claras é que o comportamento visível da liderança influencia muito.
Por exemplo, o Luis fez questão de conduzir pessoalmente o primeiro treinamento de IA na Rock World (não só pros executivos, mas pra toda a empresa). Abriu ChatGPT, Lovable, NotebookLM na frente de todos, mostrou como ele mesmo usava essas ferramentas na rotina e a mensagem foi, obviamente, inequívoca: se o CEO investe tempo nisso, eu preciso investir também.
Esse princípio vale para qualquer nível de liderança. Se você gerencia uma equipe e quer que ela adote novas práticas, você precisa adotar primeiro. Pessoas observam o que seus líderes fazem, não o que eles dizem. Se você fala sobre IA mas nunca usa em reuniões, nunca compartilha um output gerado por ferramenta, nunca demonstra curiosidade prática, sua equipe vai entender que o discurso é cosmético.
Liderança pelo exemplo é a única forma de cultura que realmente funciona.
8. A era da experiência: IA é ferramenta, experiência é o produto.
O Luis também comentou que recebe relatórios de atualização de projetos em formato de podcast. A área de projetos da Rock World transformou PDFs extensos em áudios de poucos minutos com o NotebookLM que ele ouve no carro.
O insight aqui é muito menos sobre a ferramenta específica e muito mais sobre pensar na experiência de quem consome seu trabalho. O “produto” de muitos profissionais é um relatório, uma apresentação, um email. A forma como você entrega esse produto define como você é percebido.
Por que não apresentar um site interativo feito com o Lovable pra um projeto super importante em vez de usar o mesmo template de PPT ultra boring?
Vivemos simultaneamente na era da tecnologia e na era da experiência. Profissionais que entendem isso e usam IA para melhorar a experiência dos seus “clientes internos” se destacam sem precisar pedir promoção.
9. Bom senso é a habilidade que nunca será automatizada.
IA alucina. Algoritmos têm viés. Informação chega filtrada por camadas de curadoria que você não controla.
O profissional que consegue questionar outputs, identificar inconsistências e aplicar julgamento crítico será sempre necessário. É o “bom senso” que o Luis tanto citou na nossa conversa. Bom senso não tem a ver com inteligência, mas sim sobre ter repertório suficiente.
E desenvolver bom senso não é algo que se faz com, sei lá, um curso de prompt engineering ou algo assim. Desenvolver repertório e bom senso é feito com leitura diversificada, conversas com pessoas de áreas diferentes, exposição a perspectivas que desafiam as suas (que é exatamente o que a gente está oferecendo na nossa plataforma, o Copiloto de Carreira). É um processo lento sem certificado no final e é exatamente por isso que é valioso.
Qualquer pessoa pode aprender a usar uma ferramenta em semanas. Construir repertório e julgamento crítico leva anos e é esse investimento de longo prazo que separa profissionais substituíveis de profissionais indispensáveis.
10. Fit cultural importa mais que fluência técnica.
Quando o Luis Justo entrevista candidatos para posições executivas, ele não está preocupado se a pessoa sabe usar Lovable ou Claude. Ferramenta se treina em semanas.
O que ele busca é aderência aos valores da empresa: coragem, criatividade, pensar grande. A Rock World formalizou oito valores culturais justamente para tornar esse critério explícito. A lógica é direta: se os valores não batem, a pessoa não vai performar e isso vai perder tempo dos dois lados.
Esse princípio é útil para quem está buscando emprego também. Antes de se preocupar em mostrar competência técnica, vale investigar se você realmente se identifica com a cultura daquela empresa (coincidentemente ou não, usar IA pra essa pesquisa pode ajudar muito). Algumas têm isso formalizado em site ou materiais. Outras você percebe pelo tom da comunicação, pelas decisões públicas que tomam, pelo tipo de profissional que elas celebram.
Quanto maior o fit, maior a chance de você prosperar ali. Quanto menor, maior a chance de frustração, mesmo que você seja tecnicamente excelente.
11. Comece a usar IA em casa antes de levar para a empresa.
O Luis conta que testou IA primeiro na vida pessoal. Usou para controle financeiro, para curadoria de notícias, para projetos paralelos que não tinham nenhuma relação com a Rock World. Quando entendeu o que funcionava e o que era apenas hype, levou para a empresa com propriedade. Tinha exemplos concretos. Sabia onde aplicar. Conseguia separar o que gerava resultado do que era só novidade divertida.
Esse caminho é replicável para qualquer profissional. Você não precisa esperar um projeto corporativo para começar a aprender. Crie um caso de uso pessoal, mesmo que pareça trivial. Automatize algo da sua rotina. Teste uma ferramenta nova para um hobby. O objetivo não é o resultado imediato… O objetivo, como já falamos, é construir repertório. Quando a oportunidade de aplicar IA no trabalho aparecer, você vai saber exatamente onde ela se encaixa (e essa clareza é o que transforma conhecimento teórico em contribuição real).
Se você tem fome de conteúdos bons como esse, eu tenho uma boa notícia pra você.
A entrevista completa com o Luis está disponível na nossa plataforma, o Copiloto de Carreira. Nós também já combinamos que vamos fazer um Round 2 ainda esse ano: vai ser uma aula respondendo às principais dúvidas dos membros do Copiloto de Carreira.
Junto com esses conteúdos, você ainda acesso no Copiloto o seguinte:
Nosso curso completo de IA aplicada à sua carreira;
Uma biblioteca de prompts pro dia a dia corporativo, validados por líderes e executivos de algumas das maiores empresas do Brasil;
Assistentes de IA criados para te ajudar na prática com tarefas que vão desde rotina, organização e produtividade até comunicação, influência e como “vender” melhor seu trabalho;
E entrevistas e cases reais mostrando como IA é aplicada ao dia a dia de profissionais de alta performance.
Em resumo, nossa plataforma é literalmente um copiloto: alguém pra estar ao seu lado e te ajudar a seguir sempre no melhor caminho pra sua carreira.
Muito obrigado por ler até aqui.
Vamos juntos,



